terça-feira, 23 de junho de 2009

A Terapia Ocupacional e a atuação em Geriatria e Gerontologia

A longevidade é uma das grandes conquistas do Século XX. Juntamente com a queda da natalidade, vem ocasionando um acentuado envelhecimento da população mundial. Este processo começou em épocas e países diferentes e vem evoluindo em proporções variantes.

Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar), 1999, a população brasileira de 60 anos e mais era 14,5 milhões de pessoas, contra 11,4 milhões em 1992, representando uma variação de 7,9% para 9,1% da população total. Neste período, por conseguinte, o número de idosos aumentou em 3 milhões de pessoas. Estimativas para os próximos 25 anos indicam que esta população poderá ser superior a 30 milhões, ao final deste período.



A diminuição das taxas de fecundidade e mortalidade alterou a estrutura etária da população brasileira. Vários fatores contribuíram para essa situação: o processo de industrialização e a urbanização crescente do país, a partir da década de 30, modificaram a forma de organização da produção e a distribuição espacial da população. A redução do tamanho da família e, conseqüentemente, do número de filhos é um fenômeno que se insere dentro desse contexto. Por outro lado, as transformações impostas pela nova forma de organização social levaram o estado a implementar políticas de atendimento à população, como, por exemplo, a ampliação das redes de abastecimento de água e esgotamento sanitário que, de uma maneira geral, melhoraram as condições de saneamento básico. A partir de 1930 houve uma alteração nos padrões de mortalidade por doenças crônico-degenerativas, como as do sistema circulatório e as neoplasias (Veras & Alves, 1994).

A maioria dos indivíduos deseja viver mais. Porém, com o aumento da expectativa de vida, uma questão é levantada: o envelhecimento sadio. Daí a preocupação crescente em melhorar a qualidade de vida dos idosos.

O envelhecimento é uma restrição, uma limitação na capacidade do organismo em se adaptar ou reagir a sobrecargas ou alterações nas funções dos órgãos. Ou seja, a incapacidade de responder adequadamente a situações de sobrecargas, ocasionando limitações psico-sociais para pessoa idosa, que são ainda mais acentuadas com a ocorrência dos problemas físicos, os quais alteram a imagem corporal, reduzem a auto-estima, a segurança, a independência, ficando as oportunidades de contato social mais reduzidas.

Ao Terapeuta Ocupacional, cabe avaliar o impacto do envelhecimento, doença ou mudança social em todas as atividades do idoso. Depois, planejar um programa específico para modificar ou adaptar o ambiente, o comportamento ou ambos. O objetivo principal desse profissional na sua atuação com o idoso, está na promoção da auto-suficiência e independência nas AVD’s (atividades da vida diária) e AVP’s (atividades de vida prática), muitas vezes comprometidas pela fisiologia do envelhecimento; doenças crônicas; incapacidade física por seqüelas: neurológicas, artríticas, pós-fratura, pós-amputação, doenças musculares, etc.; e ainda por transtornos cognitivos.

A Terapia Ocupacional pode prevenir ou minimizar estados de dependência através de adaptações domiciliares; orientação familiar; orientação quanto a hábitos alimentares; atividades cognitivas; atividades física/funcional; atividades culturais; atividades sociais e atividades artesanais.

A intervenção em Grupos de Terceira Idade se dá em nível preventivo. O Terapeuta Ocupacional trabalha com o idoso no sentido de reestruturar e redistribuir seu tempo, desempenhando um papel significativo na capacitação do idoso para reconstrução de seus padrões de atividades de vida, desenvolvendo maneiras pelas quais ele possa se adaptar e permanecer física, mental e socialmente independente o maior tempo possível.

Nota-se, portanto, o papel fundamental da Terapia Ocupacional na promoção do envelhecimento saudável. Envelhecer satisfatoriamente depende do delicado equilíbrio entre as limitações e as capacidades do indivíduo, que possibilitará ao mesmo, lidar com as perdas inevitáveis da velhice.

Lygia Maria da Costa Ribeiro Vasconcelos

Terapeuta Ocupacional, Especialista em Psicopedagogia,

Professora da Faculdade Santa Teresinha

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