quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

DIRETRIZES EDUCACIONAIS EM ESTIMULAÇÃO PRECOCE

Os resultados dos mais diversos estudos sobre a estimulação precoce e também a experiência clínica e pedagógica acumulada por longo tempo, particularmente no campo da educação especial, evidenciam que: - a carência, a inadequação, inclusive a sobrecarga de estimulação nos primeiros anos de vida, diminuem o ritmo natural do processo evolutivo infantil, aumentando também o distanciamento dos padrões do desenvolvimento físico, sensório-perceptivo, motor, socioafetivo, cognitivo e da linguagem; - quanto maior é o tempo e a intensidade da estimulação inadequada a que a criança estiver sujeita, tanto maiores são a tendência a desenvolver deficiências e a probabilidade de intensificá- las; - a incidência e a persistência de estimulação inadequada, especialmente nos primeiros três anos de vida, podem dar origem a danos duradouros no processo evolutivo, tanto de ordem física como psicológica; - o emprego de programas de estimulação precoce pode prevenir ou atenuar os possíveis atrasos ou defasagens no processo evolutivo infantil. Mais de cinqüenta por cento de crianças portadoras de deficiência poderiam atingir o desenvolvimento normal, desde que se adotassem, efetivamente, medidas de prevenção. Dentre as que se destacam, estão aquelas referentes à estimulação precoce; - as capacidades mentais, o desenvolvimento socioafetivo e as habilidades motoras ou sensoriais da criança não são apenas desenvolvidas em ambientes providos de adequada estimulação, mas também mediante reforços positivos, o mínimo de restrições e a convivência acolhedora e regular com os adultos responsáveis pelo seu atendimento; - os progressos científicos e tecnológicos sobre estimulação precoce mostram atualmente resultados animadores, indicando conhecimentos mais precisos, sobretudo em relação à sua conceituação, abrangência, termos correlatos, técnicas e procedi- mentos de avaliação, como também à organização de programas e de currículos pertinentes. Merecem especial destaque os novos conhecimentos neuropsicológicos a respeito da plasticidade neuronal e da ciência de prevenção. Essas e outras considerações mostram que a implantação de tais programas no Brasil, principalmente a partir das décadas de setenta e oitenta, assim como o aperfeiçoamento das iniciativas já existentes sobre o assunto, constituíram e constituem um investi- mento social e humano altamente produtivo, uma vez que os esforços se dirigem à prevenção das deficiências ou à diminuição de seu agravamento. É importante lembrar que a população brasileira acometida de deficiência é estimada em dez por cento do total de habitantes, ou seja uns quinze milhões. Esse elevado número vem aumentando significativamente com o crescimento demográfico do País, cuja expectativa é de duplicar tais cifras para os próximos vinte anos. Os benefícios previstos com o desenvolvimento de tais programas abrangem não somente a população de crianças com necessidades especiais, para as quais sua aplicação é imprescindível, mas também a todo um contingente demográfico infantil considerado sujeito à aquisição de deficiências, embora tudo indique que a abrangência dessas ações possa favorecer também a toda a população infantil do País. Assim, para melhor esclarecimento, o conceito da "estimulação precoce" adotado é: "Conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo".

TERAPIA OCUPACIONAL EM GERIATRIA

Fonte: Boletim do CRE - Ano VII - n.2 http://www.terapiaocupacional.com.br/Geriatria.htm Terapia Ocupacional em Reabilitação Geriátrica Esta modalidade de TO tem sido comprovada como tratamento da mais alta eficácia em vários hospitais e por diversos autores, que são unânimes em ressaltar não só os benefícios físicos advindos desse tratamento, como também os benefícios terapêuticos no caso de problemas sociais e psicológicos. O grande objetivo da Terapia Ocupacional em Reabilitação Geriátrica é manter no idoso a vontade de viver, e que o mundo para ele continue povoado de finalidades. Sentindo-se útil e ativo ele escapa ao tédio, à decadência e à marginalização. Em Reabilitação Geriátrica, não se insiste em metas profissionais. Sob o ponto de vista físico, o importante é o restabelecimento funcional máximo; manter as funções corporais, melhorar as funções dos músculos e articulações com o objetivo de conseguir o máximo de independência física, sobretudo em atividades da vida diária. Preocupação constante quando acamado, como mudanças de posição, tratamento da pele, exercícios físicos, visando sempre ao aspecto preventivo de invalidez permanente. Observar os princípios que são específicos nos casos de incapacidade física como, idealizar e adaptar os equipamento auxiliares para o idoso, como por exemplo o uso de próteses auditivas, amplificadores de som e outros. Dentre as principais patologias e disfunções atendidas pela Terapia Ocupacional destacam-se: Os Acidentes Vasculares Cerebrais, Mal de Parkinson, Doença de Alzheimer e diversos tipos de Demências, as Doenças Reumáticas e Artríticas, seqüelas decorrentes de doenças crônico-degenerativas como o Diabetes, as Neoplasias, a Hanseníase, entre outras. A Terapia Ocupacional no tratamento do Acidente Vascular Cerebral Dentre alguns objetivos gerais, destacam-se: - Prevenção e correção de deformidades. - Melhoria da função sensitivo-motora. - Melhoria da função física no hemicorpo afetado, ao máximo grau. - Melhoria da destreza e habilidade no hemicorpo são. - Melhoria da capacidade funcional nas atividades pessoais e da vida diária, utilizando se necessário adaptações que permitam independência. - Estimulação da capacidade para o pensamento organizador e abstrato. - Estimulação da capacidade para as tarefas domésticas com ou sem uso de adaptações visando uma progressiva independência. - Estimulação das funções cognitivas afetadas. - Melhoria da função da comunicação diante de uma possível afasia. - Desenvolvimento de aptidões vocacionais e/ou profissionais através da simulação do trabalho. - Auxílio no planejamento das atividades domésticas e comunitárias. - Auxílio na adaptação psico-emocional frente às limitações. A Terapia Ocupacional no tratamento do Mal de Parkinson Dentre os objetivos buscados pela Terapia Ocupacional neste tratamento destacam-se: - Estimular as motivações - Melhorar ao máximo a capacidade física, a mobilidade geral e atividade voluntária das mãos. - Favorecer uma dicção clara - Avaliar as possibilidades da volta ao trabalho - Contribuir aos planos de apoio continuado do paciente e sua família satisfazendo a necessidade de estímulo para manter o paciente em seu melhor nível de rendimento físico e intelectual. Atendimento Domiciliar Dentre as formas de atenção, o atendimento domiciliar, é aquele que proporciona ao Terapeuta Ocupacional, um maior contato com a família do idoso, facilitando a aproximação da terapia com a realidade do paciente, e colaborando na promoção e manutenção de laços afetivos entre idosos e familiares, garantindo portanto o apoio destes, e proporcionando esclarecimentos acerca das maneiras de lidar com os idosos com limitações, ou seja uma ação educativa com a família. A compreensão dos tipos de relacionamentos estabelecidos com os idosos, proporciona ao terapeuta uma idéia de qual espaço o paciente ocupava no lar, e saber quais pessoas de sua convivência podem colaborar diretamente com a terapia. As situações cotidianas estão incluídas num processo terapêutico mais próximo da realidade do idoso, pois abrangem algumas de suas necessidades mais primárias ( atividades da vida diária ) e outras mais secundárias. A adequação de atividades diversas e da estrutura física domiciliar, quando necessárias, devem levar em conta os aspectos culturais particulares do idoso e sua família. Um capítulo a parte pode ser destinado a este conteúdo, disciplinas como a Ergonomia, o Desenho Industrial e a Arquitetura, compartilham deste conhecimento e propósito. A Terapia Ocupacional muito pode fazer no sentido de adequar o domicílio, ou o lugar onde o idoso reside, principalmente se este idoso faz uso de adaptações ou recursos de tecnologia assistiva. No caso dos idosos, o ambiente físico pode ser um fator de risco para várias desordens de saúde se não estiver bem adaptado às suas dificuldades e necessidades. Dentre elas destacam-se as quedas e outros acidentes semelhantes. Uma questão também pertinente é a da independência nas atividades da vida diária. Um planejamento físico adequado pode proporcionar ao idoso com deficiências ou dificuldades uma maior autonomia e segurança dentro do lar. Objetivos do atendimento domiciliar em Terapia Ocupacional - Conscientização e orientação familiar quanto às necessidades do idoso; - Adaptação física, psico-emocional e social do idoso ao seu meio, e em relação à sua atual condição; - Valorização dos aspectos culturais (hábitos e tradições), na busca de soluções de problemas; - Organização da rotina, busca de novos interesses e potenciais. - Proporcionar subsídios para o idoso prover o seu auto-cuidado. _______________________________ Fonte: Boletim do CRE - Ano VII - n.2 http://www.terapiaocupacional.com.br/Geriatria.htm

REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

REABILITAÇÃO PROFISSIONAL 1. CONCEITUAÇÃO E BASE LEGAL A Reabilitação Profissional – RP é definida como a assistência educativa ou reeducativa e de adaptação ou readaptação profissional, instituída sob a denominação genérica de habilitação e reabilitação profissional, visando proporcionar aos beneficiários incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter obrigatório, independente de carência, e às pessoas com deficiência, os meios indicados para o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem (art. 89 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 e art. 136 do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, que aprovou o Regulamento da Previdência Social – RPS). Entende-se por habilitação a ação de capacitação do indivíduo para o desenvolvimento de atividades laborativas, observando as aptidões, interesses e experiências. A readaptação profissional procura tornar o indivíduo capaz a retornar às atividades profissionais, proporcionando meios de adaptação à (s) função (ões) compatível (eis) com suas limitações. 2. FUNÇÕES BÁSICAS O processo de habilitação e reabilitação profissional compreende quatro funções básicas: I - avaliação do potencial laboral: objetiva definir a real capacidade de retorno de segurados ao trabalho. Consiste na análise global dos seguintes aspectos: perdas funcionais, funções que se mantiveram conservadas, potencialidades e prognósticos para o retorno ao trabalho, habilidades e aptidões, potencial para aprendizagem, experiências profissionais e situação empregatícia, nível de escolaridade, faixa etária, e mercado de trabalho; II - orientação e acompanhamento do programa profissional: consiste na condução do reabilitando para a requalificação profissional em uma nova função/atividade a ser exercida no mercado de trabalho e deve considerar os seguintes elementos básicos: conhecimento de seu potencial laboral, requisitos necessários ao exercício das profissões e oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho. O planejamento e a preparação profissional devem ser realizados mediante a utilização de recursos disponíveis na comunidade, preferencialmente, como: cursos, treinamentos e outros; III - articulação com a comunidade para parcerias, convênios e outros: visa ao reingresso do segurado no mercado de trabalho e ao levantamento de tendências e oportunidades oferecidas, preferencialmente, na localidade de domicílio do reabilitando. Todavia, não caracteriza obrigatoriedade por parte do INSS a sua efetiva inserção no mercado de trabalho, conforme § 1º do art. 140 do RPS; e IV - pesquisa da fixação no mercado de trabalho: consiste no conjunto de informações para constatar a efetividade do processo reabilitatório e fornecimento de dados que realimentem o sistema gerencial visando à melhoria do serviço.

domingo, 16 de janeiro de 2011

14/01/2011 -- 15h00
Necessidade da terapia ocupacional nas empresas




Uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília (UnB) que analisou 26 milhões de registros de trabalhadores ao INSS constatou que as maiores causas de afastamento dos trabalhadores são as doenças osteomusculares e os transtornos de humor. Em primeiro lugar no ranking estão as dorsopatias, em segundo os traumatismos do punho e da mão, em terceiro as tendinites e tenossinovites e em quarto, os traumatismos de joelho e perna.

Para evitar tais afastamentos foram criados alguns instrumentos legais que mexe com o bolso dos empregadores, forçando-os a adotar medidas preventivas. E é ai que entram os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.

A princípio chamados apenas para reabilitação de funcionários, agora Terapeutas Ocupacionais e Fisioterapeutas fazem parte de programas de prevenções de acidentes, de ergonomia, de consultoria, ente outros. Empresas que adotaram o método de prevenção conseguiram diminuir até 90% as queixas de funcionários em relação a distúrbios osteomusculares.

Mais do que uma simples ação, o trabalho dos fisioterapeutas e dos terapeutas ocupacionais integram os funcionários em atividades que priorizam sua saúde e bem-estar (com AÇÃO & COMUNICAÇÃO - LANA CÔRTES).

Redação Bonde

domingo, 16 de maio de 2010

ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA









ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

“As atividades de vida diária (AVD) são as tarefas de desempenho ocupacional que o indivíduo realiza diariamente. Não se resume somente aos auto – cuidados de vestir-se, alimentar-se, arrumar-se, tomar banho, e pentear-se, mas engloba também as habilidades de usar telefone, escrever, manipular livros, etc além da capacidade de virar-se na cama, sentar-se, mover-se e transferir-se de um lugar à outro.” (Trombly, 1989).


“A Terapia Ocupacional tem como objetivo proporcionar ao indivíduo, de acordo com suas necessidades, potencialidades e possibilidades socioeconômicas, o maior grau de independência possível nesse sentido, utilizando, para tanto, recursos como adaptações e manobras que, por facilitarem o potencial remanescente do indivíduo, propiciam o processo de independência.”


Muitos são os fatores que concorrem no sentido de fornecer ao indivíduo as condições mínimas necessárias para que ele possa desenvolver as AVD de uma maneira plena:

a perfeita capacidade de mobilidade articular

a coordenação motora fina e grosseira devem estar desenvolvidas, bem como a percepção, tato e visão

o sentido cinestésico ou percepção sensorial dos segmentos corporais devem estar instalados


“No caso da criança portadora de deficiência, a execução destas tarefas depende também de condições mínimas necessárias como um bom planejamento motor, envolvendo noções do próprio corpo, de seus movimentos no espaço, do tempo (ritmo e seqüência) e noção espacial. A coordenação viso-motora, capacidade cognitiva e iniciativa também são componentes das tarefas cotidianas automáticas e impossivelmente fragmentáveis durante a execução. “

“O terapeuta ocupacional tem como finalidade desenvolver e manter a função e as habilidades necessárias para o desempenho de atividades, prevenir distúrbios do desenvolvimento, principalmente no que se refere às atividades funcionais, remediar ou (re) habilitar disfunções que impeçam o desenvolvimento favorável nas atividades, facilitar a capacidade adaptativa da criança, colaborar e cooperar com a criança para alcançar seus objetivos.”


As Atividades de Vida Diária subdividem-se em quatro grupos:
 
Mobilidade (na cama, na cadeira, transferências e deambulação)
Cuidados pessoais (alimentação, higiene básica, higiene elementar, vestir-se e arrumar-se)
Comunicação (escrever, telefonar, digitar e utilizar o computador)
Ferramentas de controle do meio ambiente (manusear chaves, portas, janelas e torneiras)

MOBILIDADE/TRANSFERÊNCIA

“Simplesmente o ato de mover-se da cama para a cadeira de rodas ou para a cadeira de banho favorece a independência. Quando o indivíduo é capaz de transferir-se sozinho, é necessário orientá-lo e ensiná-lo quanto as técnicas que propiciam maior funcionalidade, segurança e agilidade.”
VESTUÁRIO

“O ato de vestir-se independente é importante para a estimulação da percepção, equilíbrio, domínio e integração dos movimentos corporais, preensão, noção de tempo e espaço. As manobras ou métodos de independência auxiliam na execução das tarefas, facilitando e promovendo a independência, principalmente nas atividades de vida diária relacionadas aos cuidados pessoais como o
vestuário.”

“Nas crianças, a independência ocorre de acordo com o desenvolvimento motor e cognitivo. Dentro dos padrões de normalidade a criança adquire independência para vestuário e complementos até cinco a seis anos de idade.”
Algumas atitudes práxicas têm por objetivo permitir ao terapeuta ocupacional melhor desenvolver seu trabalho na Pediatria, por exemplo:
proporcionar conhecimento à criança das partes específicas do corpo;
estabelecer ou restabelecer o sentido do tato e cinestésico;
desenvolver os aspectos de compreensão e verbalização da comunicação;
demonstrar a atividade por etapas.
ALIMENTAÇÃO

“A alimentação é uma atividade social e de subsistência por gerar recursos energéticos para lutar pela vida, trazer saúde e disponibilidade para o fazer. A independência nesta área abrange apanhar o alimento e levá-lo à boca, manejar talheres, escolher o alimento, servir-se, cortar, beber líquidos, limpar a face e as mãos. “



HIGIENE
“As tarefas e higiene envolvem administração do vestuário, cuidados com as necessidades de continência (incluindo transferência postural e uso do vaso sanitário), higiene oral (uso de pasta, escova e fio dental), banho (administração dos materiais de banho, lavar e secar as partes do corpo, manter a postura para atividade e transferência).”


“Quando se fala em controle esfincteriano e higiene da criança é muito comum que haja indagação a respeito de quando deve ser iniciado o tratamento. A resposta é relativa, pois depende inteiramente do desenvolvimento neurológico e psicológico da criança.”

“O treinamento higiênico é altamente individual e geralmente deve estar completo até os 6 anos. Até que se possua uma total independência nos seus hábitos de higiene, ela deve aprender inicialmente a rasgar o papel higiênico sem puxar o rolo inteiro e aprender a vestir roupa, lavar as mãos etc. A permanência de uma criança por muitas horas no sanitário, na posição sentada, pode, em alguns casos, causar um prolapso intestinal.”

BRINCAR
“Para a criança o brincar é de extrema importância e se caracteriza como AVD. Sendo assim, no caso da criança portadora de deficiência, também precisa ser adaptado de forma que ela possa conhecer e explorar o meio de forma criativa, expressiva e participativa.”

FERRAMENTAS DE CONTROLE DO MEIO AMBIENTE
A Avaliação das Atividades de Vida Diária
“O objetivo da avaliação é compreender as vantagens da criança e as áreas de preocupação, dentro do contexto dos ambientes dos quais a criança participa. Os membros da família, e outros membros da equipe como os professores, são parte integrante deste processo.”

“A partir de informações colhidas sobre a interação social da criança em contextos como, higiene, alimentação, manuseio, posicionamento etc., o terapeuta possui uma ampla perspectiva funcional da criança. À medida que a criança amadurece, a avaliação expande-se para incluir a escola e a comunidade.”


“O objetivo principal da Terapia Ocupacional é proporcionar à criança a independência nas AVD. Utilizando o brincar como ferramenta de trabalho, o terapeuta ocupacional torna possível a autonomia do indivíduo em seus vários aspectos junto ao meio onde vive.”

“A família é um elemento essencial neste processo, levando ao terapeuta ocupacional informações a respeito do cotidiano do paciente e dando continuidade ao tratamento, onde de fato, acontece as AVD, proporcionando assim, maior qualidade de vida a esta criança.”

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Nise da Silveira




Nise da Silveira nasceu em 1906, em Maceió. Foi a única mulher, entre os 156 alunos da Faculdade de Medicina da Bahia, que graduou-se em 1926. Em 1927 seu pai morreu, a mãe mudou-se para a casa do pai, e Nise, decidida como sempre, pegou um navio para o Rio de Janeiro. Começou sua carreira em psiquiatria no hospital que na época era popularmente chamado de hospício da Praia Vermelha (hoje Hospital Pinel), em 1933. Fig.2 - Nise na sua formatura como médica.
Morava num quarto do hospital; uma enfermeira, ao fazer a limpeza do quarto, achou livros socialistas na sua estante, e durante o Levante Comunista de 1935, em plena ditadura Vargas, denunciou-a. Embora fosse apenas simpatizante do comunismo, e não soubesse nada sobre a organização do movimento liderado por Prestes, Nise foi presa; ficou na Casa de Detenção durante um ano e 4 meses. Lá conheceu Olga Benário, Graciliano Ramos e outros participantes do movimento comunista, que se tornaram amigos seus. Diz ter tirado grandes lições deste período. ("Tudo vale a pena, se a alma não é pequena...").
Só conseguiu voltar ao cargo de psiquiatra, em 1944, no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro. Foi lá que, por recusar-se a usar os métodos usuais da psiquiatria clássica, como eletrochoques, choque de insulina e utilização indiscriminada de medicação (que deixava, e deixa até hoje os pacientes num estado terrível de torpor- a chamada impregnação), foi deslocada para um setor considerado "pouco nobre" do Centro Psiquiátrico, o lugar onde não havia médicos e que era cuidado por serventes: a Terapêutica Ocupacional, que de terapêutica não tinha nada, os pacientes faziam apenas serviços de limpeza, uma boa economia para o hospital...
Nesse lugar "abandonado" pela direção do hospital, Nise começou sua grande revolução. Em 1946 fundou a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação
(STOR). A partir de muito estudo, e principalmente a partir de sua veia rebelde e criativa, Nise inovou e criou um espaço em que os internos eram recebidos num ambiente de acolhimento e respeito. Abriu ateliês para vários tipos de atividades (encadernação, música, pintura, modelagem, teatro, etc.) e orientou os monitores que acompanhariam os pacientes no sentido de terem uma atitude de não interferência na sua produção. Procurava apontar para a importância do contato afetivo para que aquelas pessoas, que passavam pelo grande sofrimento do rompimento com a realidade, do mergulho, sem proteção, nos abismos do inconsciente, pudessem tentar o caminho de volta para a superfície, para a possibilidade de recuperar a autonomia perdida. Além da dor provocada pela doença mental, os pacientes sofriam com a discriminação no meio social e no próprio hospital. Um dos pintores do ateliê, que ainda conseguia expressar-se verbalmente, falava do sentimento de ser "etiquetado", e que por ser "etiquetado como esquisito, uma coisa assim" nunca mais conseguiria sair dali. (Quando ouvi esta afirmação dele, fiquei atônita; ele estava falando, com suas palavras o que eu vinha lendo nos livros de Laing e Cooper. Na época eu fazia estágio no museu, era estudante).
Nise percebeu e sentiu agudamente, o quanto o ambiente hospitalar conspirava contra o que ele deveria promover: a cura. Imbuída de profunda compaixão pela dor e fragilidade daquelas pessoas, movida pelo desejo de compreender o que acontecia no seu mundo interno e de investigar os misteriosos meandros da psique humana, Nise foi, com enorme disposição e paciência, adubando a sólida árvore que plantara.

http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/pdfs/Teresa_Vignoli.pdf

domingo, 4 de abril de 2010